Shingo Araki – Construidor de Infâncias Felizes

Este post era para ser publicado só na volta das férias, em fevereiro, mas não aguentei! Resolvi publicar agora, para a alegria de vocês! E se preparem que o treco é longo!

Vamos começar com um pequeno Quizz: você reconhece o desenho abaixo?

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Se você tem mais de 20 anos, provavelmente deve ter pensado que era o Seiya e a Saori (e um lobo aleatório) dos Cavaleiros do Zodíaco, certo? Bem… você ERROU!!! Mas se você conhece o trabalho do criador da série, o detestado amado Masami Kurumada, conhecido por fazer seus personagens de todas as suas séries iguais (pegue Bt’x, Ring ni Kakero, Füma no Kojiro e repare: TODOS os protagonistas têm a cara do Seiya!) deve ter pensado “Ah, este aí deve ser outro trabalho do cara e, como sempre, a cara dos personagens é tudo igual!).

Bem, você errou de novo!

A imagem acima é do anime Babel II, de Mitsuteru Yokoyama. “Mas… por que então o protagonista tem a cara do Seiya?!” Por um motivo muito simples, os autores podem ser diferentes, mas o Diretor de Arte é o mesmo de Cavaleiros do Zodíaco – e de outros grandes animes da década de 80 e 90 – o mestre Shingo Araki!

E. acredite, se você hoje é fã de Cavaleiros do Zodíaco, você deve 70% deste seu amor ao Araki, ao invés do Kurumada!

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Verdade seja dita: Kurumada teve uma ideia genial com este lance de moleques vestindo armaduras baseadas em constelações, mas a executou MUITO mal. Se você ler a história original do mangá, sobretudo na primeira fase antes das Doze Casas, ela é um saco! Sem falar que o traço do cara é bem ruinzinho. Felizmente havia Shingo Araki em nossas vidas! O estilo de desenho de Kurumada, por mais que ele caprichasse nas armaduras, era muito feio: irregular, desproporcional, sem falar de datado… totalmente impróprio para um anime. Mas felizmente ele reconhecia este seu defeito e chamou ele próprio Araki para salvar sua série. Gostou tanto do resultado que é possível verificar que o próprio pai do Seiya acabou mimetizando parte do estilo do Araki em seus trabalhos futuros (embora isto não signifique que tenha conseguido…).

Seja como for, Cavaleiros do Zodíaco deu grande fama à Araki, e à sua esposa e parceira de trabalho, Michi Himeno. Ambos começaram a trabalhar juntos nos anos 70. Ele fazendo a direção de arte e ela executando, pegando o seu estilo explosivo e dinâmico e dando uma cara mais suave e elegante ao traçado. Aos poucos, os traços de ambos mesclaram-se para se tornar um só.

É bastante difícil ter total certeza que um desenho do Araki é só do Araki mesmo, ou se tem a mão da talentosa Himeno – mesmo nas pranchas onde eles assinam seus nomes (a assinatura de Araki é expressiva e é feita em caracteres japoneses, enquanto a de Himeno é suave e em caracteres ocidentais). Por isso já vou avisando: embora eu tenha tentado peneirar, é bem possível que as artes que mostrarei não sejam 100% Araki – como nesta logo abaixo que, explicitamente, foi feita a quatro mãos:

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Garimpando sobre do trabalho do cara, descobri que além de ter participado de grandes hits japoneses, ele também trabalhou na produtora TMS Entertainment, que, embora fosse japonesa, prestou muitos serviços para estúdios ocidentais e fez as animações de títulos como Transformers, Aventuras de Sonic, o Porco-Espinho, Ducktails (porra!), Batman: The Animated Series e sua irmã Superman de 1992-1993 (cadê seu Deus agora, Comic-nerds?!), Os Seis Biônicos, Animaniacs e outros.

NÃO, Araki NÃO participou destes desenhos acima (a não ser que eu descubra algo), porém um deles, que era até de um dos meus desenhos favoritos da época pré-animes, ele fez pelo menos 5 episódios sozinho: Inspetor Bugiganga!!!

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Tá vendo o segundo nome no quadro da esquerda? É isso aí!!! Mestre Araki foi o responsável pela animação dos episódios “The Curse of the Pharaoh” ,”Coo-Coo Clock Caper”, “The Bermuda Triangle”, “Did You Myth Me?” e “Unhenged”. Basta conferir o nome dele nos créditos!

Alias, estes episódios se destacavam por estar entre os mais bem animados. Seu estilo tinha os personagens desenhados de forma mais arredondada e suave (Himeno?!) e muito mais detalhado, sem falar que a animação era muito agradável e bem feita pros padrões da época. Algumas outras características são os olhos de Penny altamente detalhados, braços um pouco mais magros do Dr. Garra, e o cachorro Cérebro tendo um pouco mais de pelos em cima de sua cabeça e olhos muito maiores.

Outro detalhe: algumas cenas icônicas da série, como o Inspetor lendo as famosas mensagens de autodestruição (que inclusive faziam parte dos créditos finais), ele usando a mão dele como um telefone celular e outras mais ficaram tão bem-feitas que foram reaproveitadas em outros episódios que o Araki não assinou. É foda ou quer mais?!

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Caceta… acho que já falei demais e este post já ficou enorme, né?! E olha que dava para falar mais coisas do homem.

Bom, então vamos agora seguir com algumas ilustras do nosso mestre para várias séries animadas onde ele emprestou seu talento!

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